sexta-feira, 4 de abril de 2014

O impacto do poeta

Se contasse a verdade, nunca ninguém iria acreditar que a primeira vez que tomara consciência de que a sua relação chegara ao fim, fora num dia de Inverno, desses dias de chuva que não pára, junto à estante dos livros de poesia, a folhear a poesia reunida de Maria do Rosário Pedreira, que há meses namorava. Naquele dia de Inverno, naquela livraria de um qualquer Comercial que nunca ia, que nunca iam, lá estavam os dois. Um à porta, esperando, indiferente; o outro junto à estante de poesia, folheando o livro, o nó da garganta a crescer, o esforço para os olhos não lacrimejarem, o corpo gelado à mingua dos seus dedos, cansado de lhe pedir abraços, indiferente aos encontrões apressados das pessoas que iam e vinham.



3 comentários:

Anónimo disse...

tão bonito!

Anónimo disse...

li, reli e não consigo parar de ler...

Pedro disse...

Obrigado Anónimo